A Verdadeira Fé

"Fé inabalável só é a que
pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da humanidade” ·
               



Palavra de uso tão comum, mas de significado tão pouco compreendido, a fé vem sendo tema de muitas polêmicas devido as diferentes interpretações que algumas correntes do pensamento religioso realizam, confundindo e distorcendo a visão das pessoas.

Cabe-nos então, perguntar: O que é fé? Para responder a esta pergunta vamos buscar a origem etimológica da palavra. Fé tem duas origens, a primeira deriva do termo grego pistia, que quer dizer acreditar. Este é o significado mais usual, entretanto ainda incompleto, pois não basta crer, é necessário também compreender a razão pela qual se crê. Esta é a chamada fé raciocinada. Antes de ser uma contradição, como podem pensar alguns, o uso da razão solidifica a fé, pois ao analisarmos o objeto de nossa fé, compreendo-o e aceitando-o, estamos criando alicerces que tornarão nossa fé inquebrantável, fortalecendo-nos frente aos desafios mais árduos. Por outro lado, a fé sem a razão é frágil, está sujeita a ser desfeita e pode, frente ao menor abalo, desmoronar. Ou ainda pior, esta fé irracional pode nos conduzir ao fanatismo, a negação de tudo que seja contra o nosso ponto de vista. Com esta postura, nos arriscamos a cometer grandes desatinos, visto que, com nossos olhos fechado à razão, poderemos esta defendendo grandes mentiras, e negando grande e redentoras verdades.

A outra origem da palavra fé vem do latim, fides, que também possui o sentido de acreditar, mas agrega a este, o conceito de fidelidade, ou seja, é necessário que sejamos fieis ao objetivo de nossa fé, falando em fé religiosa, estamos falando em Deus, portanto é preciso que sejamos fieis a Deus e isto só é possível seguindo os seus preceitos: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos.” Tomando por base esta compreensão percebemos que não basta ficarmos recolhidos, rezando, estudando os textos sagrados ou contemplando os céus. Praticando uma fé passiva. Lembrando as palavras do apóstolo Tiago: “Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.” (Tiago, 2:14 a 17). Quem acredita que apenas crer em Deus é suficiente para alçá-lo aos planos superiores, junto aos anjos do Senhor, vai ter uma grande decepção. É fundamental para nossa fé que pratiquemos a caridade, que trabalhemos em favor do nosso próximo, que tornemos a nossa fé numa fé ativa. Entretanto a mesma atividade que dedicamos ao próximo podemos dedicar a nós mesmos, assim como devemos confiar em Deus, devemos confiar nos dons que Ele nos deu e que através desses dons podemos conquistar muitos dos nossos objetivos. Chega de ficar em casa esperando que o céu nos envie tudo que precisamos. Vamos pedir ao Alto que nos auxilie e ilumine, mas vamos também fazer a nossa parte na construção da vida melhor e mais feliz que desejamos.

Finalmente, lembremos das palavras do mestre Jesus: “Em verdade vos digo que, se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda direis a esta montanha: move-te daqui para ali, e ela se moveria; e nada vos seria impossível.” (Mateus, 17:20). Portanto, vamos confiar, compreender e trabalhar, certos de que através da nossa fé consciente seremos capazes de superar todos os obstáculos do caminho, acreditando que temos força para vencer os desafios e seguros de que se esta força, em algum momento nos faltar, nosso Pai que está nos céus nos sustentará e nos guiará “mansamente a águas tranqüilas.” (Salmos 23:2).